Planejamento Estratégico Hospitalar: Transformação Digital
A transformação digital deve estar presente também no planejamento hospitalar.
As influências da tecnologia alcançaram diversos setores da vida em sociedade, desse modo, no âmbito da saúde não poderia ser diferente. Procedimentos obsoletos de administração atrasam o avanço na gestão hospitalar.
Por isso, seguindo os preceitos da quarta revolução industrial - criado pelo alemão Klaus Schwab, diretor e fundador do Fórum Econômico Mundial, - surge a Saúde Digital. Ela consiste em transformar processos envolvidos na assistência por meio da tecnologia, tornando-os assim, mais dinâmicos, eficientes e ágeis. Além disso, ampliando a qualidade dos serviços e a segurança do paciente.
E para se adequar à nova realidade, as organizações de Saúde serão impulsionadas a se transformar, buscando desse modo, tecnologias que apoiem as exigências.
Adentrando no mérito financeiro, a transformação digital dos processos de gestão hospitalar pode reduzir os custos bem como despesas desnecessárias no setor. Criando assim, uma cultura de gastos mais enxuta.
Nesse artigo, abordaremos os principais pontos para transformação digital, nos seguintes tópicos:
- A Lei Geral de Proteção de Dados;
- Tecnologias Envolvidas na Saúde Digital;
- Etapas de Implementação da Transformação Digital;
- Hospital Paperless;
- Certificação HIMSS.
Acompanhe a leitura e fique por dentro do tema!
# Planejamento Estratégico Hospitalar - A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)
Atualmente, independentemente do porte ou atividade que exerce, toda pessoa jurídica está sujeita às regras da LGPD. Assim, se a empresa planeja transferir os dados da organização para a realidade digital, é necessário estar atento aos requisitos da legislação brasileira que trata desse assunto.
Para isso, existe a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. Ela dispõe sobre o tratamento de dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito público ou privado. E tem como objetivo proteger os direitos fundamentais de liberdade, mas também de privacidade e o livre desenvolvimento da personalidade da pessoa natural.
Nesse sentido, quando falamos em transformação digital no âmbito hospitalar, é necessário cumprir a LGPD. Isso porque o descumprimento da lei acarreta em multas grandes. Que podem ser de 2% do faturamento a R$ 50 milhões por infração. Ou, até por dia.
Sabendo que as atividades hospitalares captam diariamente um grande fluxo de dados pessoais, além de informações biológicas dos pacientes, é de suma importância manter a segurança bem como a privacidade dessas informações.
#Planejamento Estratégico Hospitalar - Tecnologias envolvidas na Saúde Digital
A realidade do XXI apresenta diversas ferramentas para a transformação da Saúde Digital, que podem ter aplicação nos hospitais. Nesse artigo, listamos alguns dos recursos que auxiliam nesse processo:
# Planejamento Estratégico Hospitalar - Sistema de gestão e prontuário eletrônico
Os sistemas de gestão e prontuário eletrônico são softwares que armazenam os dados fundamentais para a criação de modelos preditivos. Além disso, eles apoiam a gestão do cuidado.
Com eles, é possível digitalizar toda a parte operacional, mas também a assistência de uma organização.
Eliminando assim, papel, minimizando erros, agilizando processos e garantindo a segurança do paciente. Isso tudo ao permitir que todas as informações sobre tratamentos realizados ao longo de sua vida estejam disponíveis no mesmo lugar.
Inteligência Artificial
A inteligência artificial tem transformado os procedimentos, mas também processos relacionados à saúde humana. Isso ocorre através de sistemas dotados de machine learning e deep learning, utiliza-se os dados e algoritmos para fornecer aos profissionais de Saúde novos pontos de vista. Mas também servem para apoiar a tomada de decisão sobre diagnósticos e tratamentos.
A IA já consegue, por exemplo, apontar que um indivíduo está ficando doente antes mesmo de apresentar sintomas, viabilizando um atendimento individualizado e preditivo fundamental no conceito de Saúde Digital.
Uma outra aplicação da IA na saúde é a possibilidade de notificar o corpo médico, ou a instituição médica sobre mudanças no estado de saúde de um paciente de maneira instantânea.
Internet das Coisas
A IoT apresenta grandes avanços no campo da saúde, oferecendo a possibilidade da utilização de wearables devices, ou dispositivos vestíveis, que atuam como uma fonte de informação pessoal, mas também individualizada sobre o paciente.
Pode-se utilizar as mais diversas opções de monitoramento, como relógios, peças de roupa e outros acessórios dotados de IoT que acompanham pessoas em período pré, durante e pós-tratamento.
Esses biossensores acompanham sinais vitais e enviam as informações, em tempo real, ao hospital, clínica ou operadora de Saúde.
Indicadores estratégicos
Para a gestão hospitalar a nível digital, é inovador a utilização de indicadores estratégicos para aumentar a eficiência do processo. Essas ferramentas permitem a análise facilitada de um grande volume de dados que antes parecia complexo de organizar e compreender.
Os indicadores estratégicos permitem que seja apresentado facilidades como cruzamento de dados e possibilidade de integração com soluções em Big Data.
Os indicadores estratégicos também podem ser apresentados de forma visual e de fácil interpretação através de Dashboards Online. Assim, quando a instituição de saúde adota esse tipo de metodologia, é possível acompanhar de forma interativa e em tempo real a ocupação dos leitos, utilização das salas cirúrgicas, atendimento nas portas de entrada e pacientes regulados no SUS, por exemplo.
Os indicadores estratégicos hospitalares conseguem ter todas informações reunidas, que podem integrar os dados de diversos sistemas, sendo apresentados de forma simples e rápida.
Assim, é possível ter o controle de processos administrativos, assistenciais e financeiros, que permitem a criação de cenários previsíveis para o futuro, gerando uma gestão de excelência.
#Planejamento Estratégico Hospitalar - Hospital Paperless
O futuro da área de Saúde é o hospital Paperless. Nesse modelo, a instituição investe em tecnologias e soluções que permitem fazer uma gestão sem papel.
Além de gerar economia e garantir mais agilidade aos processos, essa atitude representa também uma preocupação com o meio ambiente.
É claro que não é um processo fácil abrir mão do papel e substituir totalmente esse recurso pode levar tempo, mas é possível realizar a adequação se essa mudança for realizada em etapas.
Listamos aqui 5 principais ações necessárias para que o hospital possa iniciar o planejamento para ter uma gestão Paperless:
1. Conhecer o fluxo de trabalho do hospital
É necessário criar o mapeamento do fluxo de procedimentos que são realizados no hospital, desde a entrada do paciente até o pós-atendimento.
Dessa forma, é possível identificar a quantidade de papel que normalmente é gerada nesses pontos de contato, como esses atendimentos podem ser adaptados com a substituição por um sistema digital, o que pode ser automatizado e muito mais.
2. Pesquisar e compre as ferramentas necessárias
Desde a área assistencial às áreas administrativas, toda equipe do hospital precisa ter computadores ou tablets. Além dessas ferramentas, serão necessários também softwares para que a gestão seja feita totalmente de forma digital.
A própria equipe de TI do hospital poderá providenciar essas ferramentas. Contudo, caso não tenham pessoas dedicadas para essa tarefa, é possível também terceirizar o serviço de TI.
3. Implementar o Prontuário Eletrônico do Paciente
Como destacamos anteriormente, o Prontuário eletrônico vem para substituir o prontuário médico tradicional, com o registro e controle das informações de pacientes de forma digital.
Assim, existe a Automatização de processos, com a Eliminação de documentos de papel de forma a facilitar a continuidade no tratamento dos pacientes, visto que de forma digital, toda equipe médica pode acessar aos documentos de qualquer lugar e a qualquer momento.
- Uso do Certificado Digital
Se um hospital deseja se tornar 100% Paperless, é obrigatório a utilização da certificação digital. Assim, para que se possa eliminar os documentos de papel do hospital após passarem pela digitalização, o prontuário eletrônico do paciente deve possuir o Selo CFM-SBISe ter um Certificado Digital padrão ICP-Brasil.
5. Treinamento da equipe
É importante que toda equipe esteja se inteire das mudanças que estão ocorrendo e que vão ocorrer.
E para que elas entendam o novo processo do hospital, é de suma importância que ocorra a realização de treinamentos para que a operação dos novos sistemas aconteça de forma correta por todos os profissionais com participação.
Etapas de implementação da Transformação Digital
- Criação da cultura de inovação no seu ambiente
Antes de pensar em comprar toda tecnologia para iniciar o processo de transformação digital, é necessário transformar primeiro a mentalidade da equipe assistencial e administrativa presente no hospital.
A criação do mindset tem como objetivo conscientizar a equipe de que os processos precisam ser reinventados para se tornarem mais dinâmicos. Assim, as pessoas conseguem entender as suas responsabilidades na mudança, podendo participar ativamente dela, com sugestões e capacitações que permitam que cada pessoa alcance o seu melhor desempenho apoiada pela tecnologia.
- Implementação
Após a criação da mentalidade na equipe, o próximo passo é realizar a modificação dos processos usando a tecnologia. Por exemplo, é possível através de uma pequena modificação alterar a forma de triagem hospitalar, que pode ser otimizada por um sistema de painel com senha conectado diretamente ao prontuário eletrônico.
Seja qual for a mudança, é certo que todo o processo de implementação requer paciência e engajamento completo para que dê certo.
- Utilização
Com o planejamento das tecnologias que serão utilizadas para apoiar cada processo no hospital, é hora de colocar em prática e monitorar o funcionamento de cada uma delas.
Para essa tarefa, os indicadores de desempenho funcionam como uma ótima ferramenta de monitoramento, visto que esses recursos podem avaliar o que está dando certo, o que deve continuar e o que pode ter uma melhoria, maximizando os ganhos proporcionados pela mudança.
Certificação HIMSS
A adoção de soluções tecnológicas traz diversos benefícios para o seu hospital. Além da otimização dos processos e redução de custos, essa ação permite que a instituição seja destaque entre as outras que ainda não adotam as tecnologias. Desse modo, garante para a organização a Certificação HIMSS.
A certificação é proveniente da Health Information and Management Systems Society (HIMSS). Isto é, uma associação internacional muito conhecida que tem como objetivo estimular o uso da Tecnologia da Informação na área da saúde. Além disso, reconhece as instituições de saúde que se esforçam para a digitalização de seus processos.
A adaptação de um hospital com práticas tradicionais para o nível de Hospital Digital não é feita do dia para a noite. E a HIMSS reconhece que existem oito fases no processo de digitalização dos processos hospitalares. Cada etapa é um estágio com requisitos mínimos que devem ter o cumprimento feito para que a instituição de saúde receba a certificação.
A HIMSS oferece a certificação dos hospitais nos seguintes estágios:
Estágio 0
Estes são os hospitais que não possuem nenhum sistema clínico-departamental, onde não há apoio de nenhum tipo de automatização, não utiliza-se nenhum sistema para laboratórios (LIS), radiologia (RIS), farmácia (PHIS) nem informações online.
Estágio 1
Nesse estágio, o hospital já conta com LIS, RIS e PHIS, além de disponibilizar os resultados dos exames online.
Estágio 2
Para ser classificado como estágio 2, o hospital deve utilizar um sistema que integre as informações, com a presença de vocabulário médico controlado, sistema de apoio à decisão clínica e possibilidade de troca de informações entre áreas clínicas e assistenciais.
Estágio 3
No estágio 3, a equipe de enfermagem do hospital deve usar o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) para anotações gerais com a checagem por meio do sistema, já contando com documentação clínica e com a possibilidade de solicitação de exames, além de um sistema de suporte à decisão que permita a verificação de erros.
Estágio 4
O hospital tem que utilizar um sistema para prescrição e solicitação de exames e procedimentos, que deve estar disponível em pelo menos uma área assistencial do hospital.
Estágio 5
Para receber a Certificação HIMSS do estágio 5, é necessário que o hospital tenha um sistema de Picture Archiving and Communication Systems (PACS) rodando completo, possibilitando a substituição dos filmes radiográficos por imagens digitais.
Estágio 6
O hospital deve trabalhar com todos os sistemas citados nos estágios anteriores, além de contar com modelos de documentação médica, circuito fechado de medicação completo e sistema de suporte à decisão clínica completo.
Estágio 7
No último estágio da Certificação HIMSS, a organização deve cumprir todos os requisitos já citados, e o PEP deve estar completamente integrado às rotinas do hospital e em uso em diversos setores.
Ainda há a exigência da utilização dos dados gerados por esses sistemas informatizados para a gestão de inteligência ou Business Intelligence (BI). Estes são dados clínicos de cada parte do hospital. Além disso, devem estar disponíveis nos setores de ambulatório, emergência, internação, UTI e centro cirúrgico.
Um exemplo de sucesso no Brasil no quesito transformação digital é o Hospital Unimed Recife III. Em 2017 se tornou o primeiro da América Latina a obter a chancela de Hospital Digital, concedida pela Sociedade de Informação em Saúde e Sistemas de Gestão (Healthcare Information and Management Systems Society - HIMSS).
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